Sinto saudades do tempo em que falava sem pensar. Quando brincava com barbies nas escadas do prédio e as únicas discussões que tinha eram sobre quem ficava com o Ken...
Sinto saudade de tocar às campaínhas e fugir..de jogar à cirumba e saltar à corda... de brincar ao mata e às escondidas...
Sinto falta de estar na escola, aprender, mesmo sem saber como era importante, das parvoíces e das baldas, dos matraquilhos e dos cigarros atrás do pavilhão...
E de copiar nos testes... e de jogar aos países nas aulas de matemática...e adormecer profundamente nos intervalos...
E das aulas sobre a reprodução humana, quando a idade não perdoava e era natural soltar risos e comentários imaturos...
Sinto saudade de me sentir uma "caloira" e não conhecer ninguém... e das aulas de Filosofia... e das greves de alunos.
Sinto saudade de me apaixonar pela primeira vez e de não ter limites...tudo era possível e cor de rosa...
E sinto falta do amor, de amar verdadeiramente, sem restrições...seguir o coração sem pensar...
Tenho saudades do sorriso. Daquele sorriso que tanto esconde mas que é tão espontâneo.
E das escapadelas e dos beijos escondidos...das declarações quase poéticas, das cartas e dos poemas...
Recordo, com saudade, aquele tempo em que tudo mudou, em que me olharam pela primeira vez como mulher adulta, uma altura em que me apercebi que teria mesmo de ser responsável...
Mas sinto falta das noitadas e das raves, das bebedeiras e das farras até às tantas... e do jogo do copo... e dos encontros no moínho...
Sinto falta das discussões com as amigas, por coisas insignificantes...dos meus protestos em defesa dos direitos de toda a Humanidade... e da minha impertinência adolescente...
E sinto falta das longas conversas, à tarde, com as luzes apagadas e os estores fechados, ao som da música do Platoon...a música do Platoon...meu deus...
Sinto saudade de me acontecer algo novo...de conhecer gente nova... de me olhar de forma diferente...de me olhar a sério, finalmente...
De ver estrelinhas pela velocidade alucinante a que comecei a viver... de ver corações, como os desenhos animados, como se fosse a primeira vez... sinto saudades de não ser capaz de me controlar de paixão.
E sinto saudades daquela energia tão especial a que me habituei...das piadas constantes, do sorriso, das conversas privadas e palavras em forma de código... e de vibrar, por dentro, em silêncio sempre.
Sinto saudades do passado, do que já vivi e não volta igual, do que é memória...
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