quinta-feira, janeiro 11, 2007

"Please don't! I have a family..."

Fiquei cinco minutos parada em frente ao monitor sem saber o que escrever. E continuo sem saber. Faltam-me palavras que dignifiquem o que estou a sentir neste momento. Palavras que descrevam exactamente a tristeza, a dor, o choque e a revolta que sinto.Palavras coerentes com uma realidade que não tem qualquer lógica e apela ao meu ódio mais profundo. Apela aos sentimentos que apenas exponho quando escrevo, para o mundo virtual. Não consigo raciocinar de forma justa. Não consigo raciocinar de todo.

Acabei de ver o telefilme "A girl like me", que conta a história de Gwen, uma jovem transsexual americana, que foi brutalmente assassinada por um grupo de selvagens que "se sentiram enganados" por ela nunca lhes ter dito que nascera com genitália masculina. Os autores dos crimes de ódio foram julgados por homicídio em primeiro e segundo graus.
Vi o filme e foi por isso que fiquei sem palavras. Não quero aceitar que isto se tenha passado e que possa voltar a acontecer.
Não quero aceitar este ódio que não consigo explicar. O ódio que os assassinos de Gwen e todos os outros transfóbicos sentem. Nem controlo o ódio que sinto pelo que se passou, pela morte de alguém,que procurava ser feliz, às mãos de cruéis e frios assassinos...

(Dizes-me que és capaz de perdoar. Eu tento. Mas neste momento não quero. Porque o senti e sinto como se tivesse passado comigo. Dizes-me que o ódio passa e que a dor permanece. Eu não quero ser uma pessoa das cavernas mas simplesmente não quero e não irei perdoar casos como este. Porque não têm perdão.
Vi, chorei,algo que nunca faço durante um filme,e senti necessidade de te escrever algo sem resposta. Mas só saiu isto.)

Deixo a Nina Simone ali a cantar; que aquela voz acompanhe a Gwen e a todos nós.

7 comentários:

tiago disse...

:'/* (nestes quatro símbolos, um beijinho e um abraço)

Anónimo disse...

Odiemos quem ainda vai matar. Não quem já matou.
É sujar a memória da Gwen o com ódio. Ela não odiava! Que usemos antes o amor, como forma de a lembrar!

Anónimo disse...

Ah, e um beijinho muito grande para ti. Obrigada por seres minha amiga. Obrigada por teres escrito este post.

Marlene disse...

tiago lila>Muitos, grandes, para ti!

Marlene disse...

L>| Eu é que tenho tanto para te agradecer...por me teres mostrado algo que eu deixava passar-me completamente ao lado. Pela amizade tão diferente das outras. Pela maturidade e paciência...bem, já estou a ficar lamechas...bah!:p

Não controlo o que sinto,infelizmente. Amo muito facilmente mas ainda me é mais fácil não esquecer injustiças. E será muito complicado "perdoar" este tipo de acontecimentos.
Mas podes ter a certeza que a tristeza é bem superior ao ódio...
Beijoca

Anónimo disse...

A tristeza é legítima, e necessária. Mas não deve ser eterna...

Outra beijoca para si!

Marlene disse...

L>|Claro...mas nem conseguiria...sou uma rapariga de afectos!!!:)
Beijito