sexta-feira, maio 25, 2007

Tu

Por fim, olho para ti e vejo que estás no fundo. Que já não és tu. Que precisas, desesperadamente, de gritar. E gritas, por mim, por quem te possa ajudar. Mas eu não sei como chegar a ti, não sei como te ajudar. Não sei ouvir. Mas vejo que choras. Que te entregas às lágrimas como uma criança assustada, cheia de medo, sozinha. E não sei o que fazer para atenuar a tua dor. Já nem um abraço consigo dar-te como dava. Nem passar a mão na tua cabeça, como o amor de uma mãe faria. Fico destroçada por ser incapaz de te ajudar, de te ver, ouvir. Mas não deixo de te sentir. Nunca.
O que te aconteceu? O que nos aconteceu?
Observo os teus movimentos enquanto todos te vêem brilhar, ser quem consegues ser mais facilmente. Sei, sabemos que não és tu. Sinto que desejas esconder-te em baixo de uma mesa, bem escondido, muito encolhido, com as mãos nos ouvidos, de olhos fechados, a cantarolar uma música que te agrade. Sei.
Como posso não ser capaz de me encolher contigo agora?
Sinto-me tão inútil, tão fraca, tão injusta, tão tudo o que é mau, tão tudo o que devia ser ao contrário...
Mas eu sei.

2 comentários:

Anónimo disse...

Mas esse tumulto não é mais do que uma armadilha manhosa. Solta-te e sê-lo naturalmente. Por ti e pelos teus -)

tiago disse...

com certeza, esse "tu" também saberá.