quarta-feira, fevereiro 20, 2008

#6

Havia um homem cuja vida não podia correr melhor, tinha um cargo de subdirector numa empresa multinacional, era casado com uma mulher de sonho, tinha uma casa de campo espectacular, um carro que era um estrondo ... Sei lá, o gajo devia ser o homem mais feliz do mundo. Certo dia, depois de receber a notícia que a casa de campo ardera num incêndio florestal e de ter passado uma manhã inteira na companhia de seguros a tratar do assunto, ao chegar ao emprego recebe a notícia da secretária que tinha sido despedido. Ao tentar tirar satisfações com o director soube que esse estava fora, supostamente em negócios. Resolve ir para casa contar à mulher o sucedido, só que quando chega à garagem, apercebe-se que lhe tinham roubado o carro. Vai de autocarro para casa e qual não é o seu espanto quando ao chegar a casa se depara com uma carta da mulher explicando-lhe que afinal, ela era o tal negócio que o patrão estava a tratar... A sua vida tinha levado uma volta de 180 graus. Não pensou mais, ia suicidar-se! Saiu de casa sem rumo e subiu ao telhado do prédio mais alto que encontrou disposto a saltar. Quando lá chegou qual não é o espanto dele, quando lá vê um homem de cabelo e barba grisalha, vestido de vermelho. O homem pergunta-lhe o que lá estava a fazer e o suicida conta-lhe como a vida dele se tinha alterado nas últimas 24 horas.
- Não te preocupes, eu posso ajudar-te!
- Como assim, ajudar-me?
- Eu sou o Pai Natal, posso fazer tudo! Mas a minha ajuda vai ter um preço.
- Ai sim? E que é que vou ter de pagar?
- Não, não é dinheiro, sabes, é que lá no Pólo Norte, a vida é muito solitária, há muito que não pratico sexo. Se me fizeres um broche, prometo que te ajudo.
O homem fez caras, mas realmente que tinha ele a perder? Resolveu fazer esse favor ao Pai Natal. No fim do serviço prestado, pergunta o Pai Natal:
- Então amigo, afinal que idade tens tu?
- Eu tenho 47 anos, porquê?
- Hmmmm, e tu, com 47 anos ainda acreditas no Pai Natal?

1 comentário:

Anónimo disse...

A vida e seus "super-valores"


Geraldo Felício da Trindade - trindadefilosofia@yahoo.com

O mundo é antigo, mas grande parte do que se vive hoje brotou do
passado.No caso do Brasil, uma cultura colonial, escravocrata, marcada pela
exploração da natureza e por práticas corruptas. De certa forma, sempre
houve uma cultura de manipulação e desrespeito. Qual seria o traço marcante
cotidiano brasileiro: crianças sendo mortas, corrupção, balas perdidas,
pessoas mendigando, milhões de sonegação... Viver está esquisito? Muitos
estão se portando acima do bem e do mal como se fossem donos do mundo.

Dinheiro, poder, beleza, nada disso desabsolutiza a finitude da
vida. A ciência nunca vai inventar um elixir que ressuscite o corpo morto. A
busca desenfreada pelo dinheiro se revela em atitudes corruptas, antitéticas
e de esperteza. Estabelecem-se paralelos entre eu e o outro, em uma crise
comparativa do valor pecuniário e posição social. Desejar o que é do outro
tornou-se mania, que destila veneno na alma.

A dita inveja, de tão cruel e perigosa aplaude as injustiças em
detrimento da justiça, de valorização daqueles que, mesmo com caráter
duvidoso chegam aos altos postos.

A pactuação com o jogo sujo, de certa forma vai matando a
esperança dos brasileiros. Vive-se à espera de um futuro em meio à
deslealdade e valores supérfluos. Faz tempo que os meios de comunicação
imitam a realidade, invadem as casas e impõem condutas, pensamentos e
valores nem sempre éticos modificando os mais puros desejos e sentimentos.
Cada vez mais, a sociedade vai se tornando apaixonada pelo virtual, banal e
frívolo.

Aqueles que pautam suas vidas pela virtualidade dos meios de
comunicação, não assimilaram que desapontamentos e sofrimentos fazem parte
de suas vidas. Imitam de tal forma a ficção, que estão em constante atitude
de revanche e vingança quando se sentem desfavorecidos e ameaçados.
Cultua-se o rancor entre os adultos e as crianças. A autodefesa é conceito
de valor repassado às crianças, confundindo agressividade com instinto de
auto-preservação.

Muitos sonham com o amor, com a amizade, com a família e com o
afeto, mas o moderníssimo mundo é frio, congelante e distante. Nada é mais
cruel do que a convivência desleal e marcada pela desconfiança. Como é bom
relaxar e desarmar o coração.Amar aqueles que merecem o amor; amar sem
esperar recompensas. Tal atitude perdeu sua presença ativa porque a
tendência é relativizar as relações e absolutizar a compra e a venda.
Quer-se projetar nas relações o que ocorre na lei de mercado.

As relações intersubjetivas exigem, fundamentalmente,
autenticidade. Nesse processo, as manipulações e falsidades não têm lugar.A
relação sadia é elixir para alcançar a alegria verdadeira. Além dessa
relação distorcida entre os homens, esses acabaram por correr
desenfreadamente na busca de um adjetivo, que se transformou de individual
para geral. Todos padecem das mesmas escolhas.

Os pais já não têm tempo de educar seus filhos e cobiçam os bens
de seus vizinhos e conhecidos. Esquecem-se de que quanto mais pautam suas
vidas pelo consumo mais se tornam inseguros. Acreditam ser mais felizes não
com o que têm, mas sonham com o que é do outro. Olvidam que o sentido da
vida está onde menos se espera. Conquistar, usufruir, tornam-se verbos
usados diariamente, gramaticalmente corretos ou não.

Vive-se a era do útil, do apolítico, do apático, do neutro.
Nessa rotina do "tô nem aí" ou "pouco importa", o amor nasce velho, pois o
"ficar" e o "pegar" o tornou retrógrado. A amizade verdadeira é
desacreditada e a ternura tornou-se banal. É preciso que se busque o belo na
vida, resgatá-o, por exemplo, na sabedoria, na música, na arte, na
literatura; ou seja, como expressão essencial da vida. Basicamente é
repensar a vida e procurar vê-la sob um novo olhar.