sexta-feira, novembro 17, 2006

Recomeço

Declaração Universal dos Direitos Humanos
Artigo 1°
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.


Pensei, durante bastante tempo, que sofria de um estigma, que era perseguida pelo destino e que nunca poderia fugir. Que a vida era o que era e que teria de me conformar com chuva durante a maior parte do tempo...
Pensei que, por não ser uma santa nem ingénua alma neste mundo, por vezes não tinha tanto direito de reclamar mais um pouco ou melhor. Que há pessoas bem pior e por isso devia ser, de certa forma, mártir...
Vivi o desconforto na pele, na minha própria cabeça, quando pensei que me julgavam pela forma como me comporto ou ando ou falo...Pensei que me julgavam A aberração e, por vezes, a coitadinha...
Fiquei noites acordada a matutar no porquê de não ser capaz de sorrir por mais de umas horas seguidas.
Imaginei que, de forma altruísta, conseguiria algum reconhecimento...mas logo aí me apercebi que não seria tão desinteressada assim.
Procurei a aceitação por ver uma cara desconhecida no espelho... por não querer reconhecer quem sou e o que tenho direito.

Acabou. Pelo menos a parte mais significativa. Não devo nada a ninguém, no que diz respeito à minha felicidade.
Não posso viver o que penso que os outros acham que sou. Eu sou o que sou. Sou assim. Eu mesma, sem tirar nem pôr.
Tenho direito a acordar e respirar profundamente, sem que me doa o peito.
Tenho direito de amar quem amo e de não me sentir culpada por isso.
Tenho direito a aceitar-me, antes de qualquer outra pessoa, de não me esconder da vida através de uma cortina de eventos cor de rosa e convenções de amor-perfeito...
TENHO O DIREITO de sorrir porque eu sou a Marlene e não mereço menos do que qualquer outra pessoa.
Tenho o direito de me apaixonar sem ter medo que me vejam ou me critiquem ou riam ou parem para me olhar.
Tenho o direito de parar, de vez em quando e pensar na minha vida, de não querer ver o mundo, de mandar uns berros, de cantar no chuveiro, de falar com sotaque brasileiro quando me apetece...de ver o Raw quando me der na telha...de comer fast food, ficar com aquele olhar ridículo de adolescente apaixonada, de gritar no topo do elevador de Santa Justa, de conversar com desconhecidos, de ouvir Alcione cem vezes por dia, de queimar pestanas no computador, de me expressar como sou.
Eu sou assim e tenho o direito de sê-lo sem pudor. De viver. Sem medo. Isto é, acima de tudo, um apelo a mim mesma, aos meus receios e preconceitos... Obrigada cambada, L, anjo, linda, vida. Por mais lamechas que possa parecer, este é o meu reconhecimento de desejo de mudança. O meu renascimento.
E nada melhor para começar que este vídeo:

7 comentários:

Anónimo disse...

pois...sabes marlene, esse grito anterior eu compreendo. já tive momentos assim. mas será k n arealidade será tal como descreves? bjs
nyse

Marlene disse...

nyse>|oiii!!!Ainda vens aqui pá?? :) é como digo sim, não vou fugir mais de mim, tenho direito a encontrar-me...beijito

Siona disse...

"Não posso viver o que penso que os outros acham que sou. Eu sou o que sou. Sou assim. Eu mesma, sem tirar nem pôr."

E é assim mesmo! ;)

Marlene disse...

L>| :)

tiago disse...

it's the rise of a new era! agora é só esperar que me aconteça o mesmo, e a coboiada é garantida! :p

tiago disse...

Recomeça...
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro, Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar,
Sempre a sonhar
E vendo,
Acordado,
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças.

Miguel Torga

Marlene disse...

tiago lila>| Ah pois é...e vai ser mais cedo do que imaginas!!Vais ver... :p

É engraçado...não és a primeira pessoa a dedicar-me este poema...a maninha Sofia também mo dedicou, logo quase no nascimento do blog...obrigada...lobe iu