Elogio da minha loucura

Sou bela. E cada curva do meu corpo, que anseia ser beijada pelo teu olhar apaixonado, aperalta-se de flores e sorrisos, pela noite, que outrora me intimidou.
Serei louca por espremer toda a força necessária da vida, quando choro por mim? Ou quando choro pelas tuas lágrimas? Estarei demente quando grito, na solidão, que prefiro ser louca a não me entregar? E não serão loucos os que me ouvem e ao meu uivo noctívago?
E a minha loucura é bela. Tem contornos de felicidade irreal. De crianças que brincam e riem. De pureza.
E eu procuro fugir do que me faz feliz, quando o que mais quero é pular e brincar com aqueles meninos no jardim.
Porque a loucura está presente em todos os meus passos. A insanidade sai-me pelos poros. A minha pele cheira assim. E eu gosto. Do medo que sinto, da loucura que me assusta, da beleza do meu sorriso, da vida em mim, do cheiro da minha pele. Do desconhecido. De mim. Das borboletas de mil cores, da músca no ar, do cheiro das flores, das formigas que levam o açúcar, das pessoas que lêem o jornal. Da mulher que espera pelo autocarro. Da velhinha que atravessa a rua, do cão que se coça, do pássaro que alimenta a cria. Gosto da minha loucura. Porque é vida. Porque sou eu. Vida e bela. Porque é o ar. E porque é a noite. A minha loucura também é noite. E mesmo a noite, cuja beleza me assustava, fala comigo de diferentes formas. E tem diferentes sabores, perante a minha beleza ímpar.
Sou bela, serei sempre, para sempre. Sabe bem estar viva!